5. Nunca se perde, se aprende

Maio, 2016- Maio, 2017

 

Caramba, o primeiro ano acabou. Foi longo mais ao mesmo tempo passou voando. Quem diria que depois de tanta correria para começar a universidade, dúvidas e coração apertado de deixar a família eu estaria concluindo meu primeiro ano na universidade nos Estados Unidos. É gratificante saber que você superou os obstáculos e concluiu a primeira fase da simulação para a vida real, o college.

 

Durante o verão nos EUA, as aulas são interrompidas e podemos voltar para casa e aproveitar quase 3 meses de “férias” depois do NCAA. Aproveitei esse tempo para jogar torneios profissionais pelo Brasil, além de ter a sorte de ter assistido alguns eventos nas Olimpíadas e curtir a família, coisa simples da vida que às vezes faz falta na correria do dia-a-dia da universidade.

 

Campeã de duplas no ITF 25K de Campos do Jordão com Laura Pigossi (Jul/2016)
Olimpíadas Rio 2016

 

 

 

 

 

WTA de Florianópolis (2016)

 

Daqui para frente, as coisas iriam se normalizar um pouco. Já sabia como seria a vida nos próximos três anos, porém a responsabilidade iria aumentar. Não vou ser mais freshman e inexperiente. Pelo contrário, vou ter que ajudar e servir de exemplo para as meninas que vão estar iniciando a jornada na universidade como eu no ano passado. Sabia desse papel que teria até porque pude vivenciar e perceber o impacto que um time unido poderia trazer.

 

 

No segundo ano, com mais experiência e sabendo como as coisas funcionavam me senti preparada para ter um carro nos EUA. Queria ter mais liberdade e poder viajar para jogar os torneios profissionais pelo Estados Unidos nos intervalos dos compromissos com a universidade.

 

O primeiro passo foi iniciar o processo para pegar a carteira de motorista americana. Eu conseguiria comprar o carro com a carteira de motorista internacional porém, o seguro é obrigatório na compra do carro nos EUA e sairia muito mais caro comprando com a carteira internacional. Fui até o DMV, o departamento de veículos motores nos EUA e peguei todas as informações (ou melhor, quase todas) e o que seria preciso para adquirir a carteira. Não foi simples pra mim no início, tive que pegar Uber algumas vezes para ir lá, sempre faltava algo ou o documento estava vencido e eu teria que renovar. Até que chegou um dia e estava tudo certo: “you’re all set!” (você esta pronta!). Como já vinha estudando a simulação da prova escrita, estava preparada para fazer o teste e iniciar o processo. Passei na prova escrita e no teste de direção. Depois de alguns minutos, a carteira de motorista americana estava nas minhas mãos.

 

Toda animada tirando uma selfie no carro logo após comprá-lo 🙂

 

Conversei com meus pais e fui de loja em loja, de site a site procurando um carro que fosse em conta e que me trouxesse segurança durante as viagens. Depois de várias pesquisas, a compra foi feita! Hora de partir para o meu primeiro torneio profissional em terras americanas: Future de Charleston 10K/Outubro, 2016.

 

Fui apenas com uma das meninas do meu time. Porém, a partir da segunda rodada, era eu e meu carrinho pela cidade de Charleston. Estava aproveitando a semana para jogar esse torneio já que não tínhamos que estar presente para nenhum evento na universidade naquela semana.

 

 

Me sai melhor do que eu esperava. Cheguei na final. Durante todo o torneio, era eu em quadra e minha família torcendo do Brasil pela câmera que transmitia os jogos. A jornada estava apenas começando já que ainda estava no meu segundo ano na faculdade.

 

Finalista no ITF 10k de Charleston/2016  

 

O Fall é um semestre mais curto para os tenistas universitários. Os torneios e treinos terminam em Novembro porém as aulas vão até Dezembro. É por conta de cada pessoa do time de ir para a quadra treinar e continuar trabalhando nas coisas que não funcionaram durante o semestre e aprimorar as que deram certo. Na vida universitária você é o responsável pelo que faz e terá consequências e frutos de suas ações no futuro, como em qualquer área da vida.

 

 

National Indoors em Nova York
All-Americans Tournament

 

Depois de ter terminado um Fall com bons resultados, o Spring trouxe surpresas. Fiquei um mês afastada das quadras por conta de uma forte dor nas costas. Não conseguia sentar na van para as viagens imagina jogar tênis. Lidei com situações que não tinha lidado antes. Como a maioria dos tenistas ou qualquer esportista, é difícil ouvir alguém falando que está machucado e não poderá jogar. Nosso instinto competidor é tão forte que às vezes somos egoístas e não pensamos nas outras inúmeras coisas que podem ser feitas mesmo afastada. Nesse período, precisava aprender à ajudar o time sem estar segurando uma raquete e lutando dentro de quadra.

 

Voltei para as quadras depois de um mês que pareceram três meses. A competição me fez sentir viva e ter a certeza que era aquilo que eu queria. Foi uma sensação que sempre vou lembrar, não queria sair da quadra. Como sempre gosto de falar, tudo tem uma razão e um porque para acontecer. Lições devem ser tiradas à cada derrota, seja na quadra, no ginásio, no campo, no escritório ou na vida. Meu Spring do Sophomore Year (segundo ano) terminaria com participação no NCAA de simples, Round of 16 para o nosso time e mais ensinamentos para a vida toda.

 

Comemoração após a classificação do time para o Sweet 16

 

“Sou o senhor do meu destino, o capitão da minha alma.” – Nelson Mandela

 

 

 

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