11 Set. 2015

“Bom, resolvi escrever aqui depois de um mês passados aqui nos EUA. Muitas coisas passaram pela minha cabeça antes de estar aqui e muitas coisas continuam passando enquanto estou vivendo essa experiência, que já posso dizer, única.

 

Estou na banheira de gelo e resolvi escrever isso para o tempo passar mais rápido. Estou olhando para os segundos, não porque estou sofrendo na água gelada, mais porque começei a refletir tudo que passei nesse mês. Treinos, físicos, exaustão, lágrimas, alegria, satisfação, saudade e gratidão pelas pessoas que me ajudaram a estar aqui. Estou no caminho certo e não vai ser fácil, nem um pouco, mais estou disposta a sofrer e lutar por qualquer coisa que aparecer no caminho.

 

Outra coisa que também me motivou a escrever aqui foi que quando cheguei na banheira de gelo, uma das meninas do meu time estava chorando e sendo consolada pela outra logo após um intenso físico na bicicleta onde chegamos no nosso limite. Antes disso, ela chorou durante o exercício e não completou da melhor forma. Isso é só um exemplo da nossa luta no dia-a-dia como estudante-atleta para quem pensa que aqui é só festa. O trabalho é serio e vai sempre exigir muito de nós, vai depender de cada uma para saber lidar com as adversidades e distrações.

 

Nos primeiros dias de treinamento, fiquei impressionada com a organização de tudo, principalmente com a do treinamento. Conversas antes do treino, táticas, regras, obrigações, deveres e para falar a verdade muita pressão, ou melhor, muita ambição se olhar de um outro ângulo, coisa que falta em nosso país. Confesso que fiquei assustada no primeiro dia quando recebi aquelas papeladas todas falando por exemplo: não pode errar, se faltar tem penalidade, todos os dias vão ser contados pontos para tal tabela referente ao treinamento e etc. Isso é uma parte das muitas coisas que tinha, uma competição contra você mesmo num time com mais 10 meninas lutando no mesmo “barco” que você, e ao mesmo tempo contra as dúvidas e medos que qualquer menina de 18, 19 anos tem.

 

Quando vim pra cá, tive um pouco de dúvida se eu iria me adaptar num país e numa cidade nova com tudo diferente de que eu estava acostumada, mais ao mesmo tempo tinha uma certeza, de que iria ser forte. Tentei a todo momento ter em mente de que: todo esse “sacrifício” um dia valerá a pena e trará frutos (meio clichê, mais é verdade). Usei muito essa frase nos meus pensamentos nos primeiros dias principalmente quando tivemos que correr 3 milhas (quase 5km) sem parar: a dor é momentânea mais a glória é para sempre.

 

Ah, esqueci de falar dos estudos. Fazia tempo que eu não ia para uma sala de aula, a primeira vez foi diferente até porque é outra língua, então parecia que eu estava de cabeça para baixo de tão tonta que estava.

 

Li um artigo a pouco tempo sobre a vida nas universidades americanas falando que você sempre vai estar dolorida ou cansada, você vai estar acostumada a sentir seu corpo neste estado e já estou percebendo neste pouco tempo que vai ser assim mesmo. O descanso é um dia no máximo, os estudos não param e como todos sabem, é bem desgastante e cansativo.

 

Pois é, serão 4 anos, estou apenas no início da minha jornada, muitos falam que passa rápido, vamos ver… Por enquanto estou procurando aproveitar cada momento e para falar a verdade, o dia não passa rápido não, começa 6 da manhã e termina ás 8 da noite, ás vezes até me perco na semana e no dia de tanta coisa que fazemos. Sinto saudades à todo tempo mas estou indo dia a dia com o foco na trajetória e esperando até o último dia da primeira parte da “missão” para voltar para casa e logo logo se preparar para começar tudo novamente.”

 

-Ingrid

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

>