8. Vivendo o sonho

Terminei minha carreira universitária no final de maio de 2019. De Orlando, aonde foi jogado o NCAA’s e último torneio universitário do ano, peguei um vôo direto para Califórnia, aonde começaria uma nova jornada mas que já tinha vivido nos meus sonhos.

 

Último dia como estudante-atleta, após o Nationals em Orlando.

 

Muita gente pergunta como surgiu essa oportunidade para mim e como conheci o Gringo, como Walter Preidikman é conhecido no mundo do tênis. 

Bom, vou começar contando do início. Estava indo para o meu último ano na universidade e me aproximando de chegar aonde eu queria: no circuito profissional com um diploma no bolso. Para ser sincera, a possibilidade de voltar para o Brasil, na minha cabeça era pequena desde o início. Além de poucas oportunidades, ficaria mais distante dos torneios, aumentando assim os custos.

No meu último Fall, perguntei para o Kevin (meu coach na universidade) se poderia jogar alguns torneios profissionais. Não estava visando muito os pontos, mas sim a chance de conhecer diferentes trabalhos que estavam sendo feitos ao redor dos EUA, além de poder pegar experiência e me preparar para o ano seguinte.

Em um desses torneios, encontrei a Paula Gonçalves, ex-jogadora brasileira profissional. Em uma breve conversa, ela citou o Gringo, que era seu atual treinador e que estava localizado na Califórnia. Falou só coisas boas e deixou as portas abertas para passar uns dias com eles. 

Voltando de carro para a universidade, meus olhos estavam brilhando por enxergar bem lá na frente uma oportunidade que poderia me ajudar a chegar nos meus objetivos.

 

 

As coisas estavam aparecendo aos poucos. Fora isso, ao invés de voltar logo para o Brasil após o término das aulas em Dezembro, fui fazer duas semanas de treinamento na Evert Tennis Academy, à convite de Ricardo Acioly, o Pardal. Fui experimentar como funcionava uma academia de grande porte nos EUA, além de receber treinamento de alta qualidade. A graduação estava chegando, precisava de uma estrutura que me possibilitasse jogar no circuito e evoluir meu jogo.

Durante toda a temporada, eu e Gringo trocamos muitas idéias e mensagens, além de já me ajudar com dicas e conselhos quando assistia os jogos transmitidos pela universidade. Uma forma dele me conhecer mais e eu poder entender cada vez mais a sua visão.

No dia 4 de fevereiro, o Gringo por sua vez me ligou e me propôs o que eu sempre quis. Uma pessoa que estaria comprometida a entrar na jornada comigo. Não só ele, mais a sua família também – Elisa, Sofia e Gabriel.

Dia 26 de maio, eu cheguei na Califórnia com minha mala que só tinha uniforme da Carolina do Sul. De um dia pro outro, eu não teria mais as regalias de uma jogadora de college divisão 1. Começaria do “zero”. Dali para frente, seria eu construindo a minha própria estrutura para o circuito profissional. A única coisa que permaneceria igual seria o apoio da minha família. A preparação para os primeiros torneios profissionais começaram no dia seguinte.

Walter Preidikman é o cara que esta possibilitando eu seguir nessa carreira que não é nada fácil. Ele entende de uma quadra de tênis como poucos e tem um coração de brasileiro, apesar de ser argentino. Aprendo com ele à cada dia para ser uma melhor jogadora e pessoa.

 

 

 Em Julho, comecei a disputar os meus primeiros torneios em Cancún. Saí como campeã de simples no meu segundo torneio disputado. Eu e a Duda Piai (tenista profissional brasileira) chegamos na final de duplas e depois fomos campeãs na semana seguinte, além de ter conquistado o meu segundo título lá também na segunda gira em Cancún. Ainda assim, tudo era muito novo para mim. Consegui ranking para jogar qualifying de W25 e W60 pelos EUA no segundo semestre de 2019. Por questões de visto, o melhor calendário foi ficar pelos Estados Unidos. Avançei para algumas chaves e ganhei algumas rodadas. Eu e Thaisa Pedretti fizemos duas semis de duplas nos W25. As expectativas eram maiores porém ao invés de lamentar,  estamos vendo essas ultimas experiências no profissional como um laboratório em que possamos trabalhar mais e melhor para ano que vem.

 

             

 

 

 

 

 

Depois desses 5 meses jogando no circuito após o college, posso admitir que o circuito profissional e o college tennis são coisas bem distintas. O sistema de contagem (sem vantagem no college), jogar por uma equipe, sequência de jogos, treinos, além de muitas outras diferenças.

A principal diferença para mim e a que mais me preocupa após a saída do College é o profissionalismo. É o que eu estou prestando bastante atenção e aprendendo. Pelo o que eu percebo, é o motivo que muitos jogadores(as) ficam estagnados no mesmo ranking ou no mesmo nível.

A palavra profissionalismo não quer dizer que você tem que ser um profissional em algo. Na minha visão, abrange tudo que uma pessoa precisa para “subir degraus”. Profissionalismo engloba rotinas, pontualidade, respeito, esforço, comprometimento e gratidão. Para ter sucesso, é preciso ter profissionalismo. Quanto mais você sobe de nível, ou quanto mais seu cargo aumenta, mais você terá que apresentar profissionalismo, não só para as pessoas que trabalham com você mas para você mesmo e seu crescimento.

Bom, o circuito profissional vem me ensinando muitas coisas e essa é uma delas que acho de extrema importância. 

O college me ensinou muitas coisas que serão fundamentais para essa nova etapa e uma delas foi saber respeitar o tempo. Acredito que foi só o início e daqui pela frente terão cada vez mais aprendizados e conquistas, e claro, compartilharei aqui 🙂

 

 

 

Agradecimentos

Gostaria de agradecer a Liga Tenis 10 e a Bruna Assemany pela confiança e apoio desde o início desse jornada, além de parabeniza-la pelo incrivel trabalho que tem feito. Quem não conhece, vale a pena conhecer 🙂 @ligatenis10

À Carolina Hannes (CA Training) pela sua dedicação e confiança e por sempre estar disposta à me ajudar e me preparar para as competições.

Ao Pe (Aparicio Meneses) pela amizade e por entrar comigo novamente nessa jornada como psicólogo.

A Solinco Sports, FlySports e HidroTabs

E claro, a família Preidikman pelo carinho, por me acolher e acreditar sempre em mim.

 

 

“Every next level of your life will demand a different you.”

 

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