7. Sonhe Grande

Antes de partir para os EUA para o meu último ano como estudante-atleta, um filme passava pela minha cabeça. Eu lembrava dos meus primeiros momentos na universidade. Eu, como Freshman, seguindo os passos e aprendendo com a Senior. Na maioria das vezes, sem saber muito de onde a jornada me levaria, porém sempre buscando o melhor ao meu alcance. Nesse ano, eu descobriria o outro lado e os papéis se inverteriam.

O College sempre te traz muitas surpresas e os desafios são sempre diferentes. O último ano tinha certeza que seria especial. Seria um ano em que me graduaria e partiria para o circuito profissional. Criar uma plataforma para me possibilitar entrar preparada e pronta para superar os obstáculos na nova etapa da minha vida, era o objetivo.

“Você está animada ou chateada para finalizar o college?” – era a pergunta que mais recebia. Confesso que sempre respondia animada, por mais que seria o fim da experiência que mais me ensinou na vida, até então. Sempre colocava em mente de que não era o término mais sim o começo de um novo ciclo.

      

Ás vezes, a palavra experiência pode ser vaga pelo fato de não apresentar um momento específico ou um caminho a ser seguido. Porém, experiência é a melhor palavra para representar a verdadeira essência da vida do ser humano. Aprendi mais do significado dessa palavra no meu Senior Year.

Experiência não é ser velho porém ser capaz de ter a visão como se tivesse idades diferentes. Experiência é saber que tudo tem um propósito e acreditar nisso. Experiência é ter a capacidade de transformar sofrimento e dúvidas em certezas e felicidade.

Começamos a temporada em Melbourne, na Austrália. Fomos selecionadas para jogar contra a University of Southern California no Australian Open. Primeira vez que o College Tennis estaria saindo dos Estados Unidos. Uma viagem histórica para ambos os times e todas as pessoas e organizações envolvidas na formação dos estudantes atletas.

Já que não podia jogar, me deram outro trabalho 😉
Team Australia (Verde), University of Southern California (Vermelho e Cinza) e University of South Carolina (Vinho e Branco)

 

 

 

 

 

 

 

 

Ás vezes, as coisas não vão do jeito que você desejava. Infelizmente, no segundo dia de treino, uma dor que estava sentindo no ombro começou a piorar. A decisão feita pelos médicos foi de não jogar e tratar para ficar saudável para o resto da temporada. Acabamos perdendo o confronto, porém era apenas o começo. Da mesma forma que estava triste por não ter ajudado o time dentro daquelas quadras azuis do Australian Open, continuei com bons pensamentos de que em pouco tempo estaria de volta no meu lugar favorito, a quadra de tênis.

Após o Australian Open, eu e minha equipe estávamos muito animadas para começar a temporada, apesar das 38 horas de viagem. O Australian Open nos ensinou muito. Tivemos a oportunidade de vivenciar e ver de perto a rotina dos profissionais e assistir tênis de alto nível durante toda a semana. Pessoalmente, tive o prazer de encontrar com o maior da história e o tenista que sempre me inspirou, além de assistir e encontrar com a minha irmã do coração.

Dispensa legenda.

   

Como em todos os outros anos, a conferência SEC (Southerneastern Conference) sempre requer muito esforço e força mental. Não temos muito tempo livre e somos exigidas ao máximo na quadra e nas salas de aula. A carga aumenta quando você é Senior. Você sente a cultura do seu time nas suas mãos. A responsabilidade de estar liderando uma equipe com a chance de transformar uma semente em flor, por exemplo, é a parte mais interessante. Tive a sorte de ter duas parceiras de time – que também estavam no último ano – ao meu lado na mesma missão que eu: deixar um legado na universidade.

Seniors com Kevin Epley (Head Coach), Jeff Nevolo (Associate Head Coach) e Hadley Berg (Volunteer Assistant Coach)

Fomos campeãs da conferência SEC pela primeira vez na história da universidade. No dia anterior, acordei na madrugada com o sonho de que já tínhamos ganhado e estávamos todas muito felizes comemorando com o famoso boné de “Champions” nas nossas cabeças. Porém, segundos depois me dei conta que não tínhamos nem jogado ainda. Teria que dormir mais algumas horas para começar a preparação para a final.

Foi um confronto disputado contra a University of Georgia, primeira colocada no ranking. Começamos perdendo o ponto da dupla. Teríamos que manter a cabeça erguida e se preparar para os jogos de simples já que o confronto estava longe de se terminar. Nas simples, todos os jogos foram uma batalha. Estávamos jogando em equipe com o coração desde o primeiro ponto. Em um momento, o confronto ficou empatado e dependeria do meu jogo para determinar qual time levantaria o troféu. Estava 4-2 abaixo para mim no terceiro set, então pensei: “Terá apenas um final feliz, faça seu sonho realidade.” Fechei o terceiro set em 6-4 e cai na quadra de alegria. Tudo que eu queria era apenas congelar aquele momento depois do match point quando vi toda minha equipe realizada e feliz. Senti um alívio quando vi que agora, aquele momento era real. Por estar compartilhando essa vitória com a minha outra família, me fez ter ainda mais certeza de que eu trocaria qualquer título ou prêmio individual, para subir no pódio mais alto com o meu time.

Meu time.
Eu com o troféu de MVP do SEC Tournament e o de Campeãs.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No NCAA’s classificamos para o Elite 8 pela primeira vez na história. Depois disso, não foi como esperávamos apesar de cada uma das meninas lutarem até o último ponto. No final não tínhamos nenhum arrependimento, apenas com a tristeza de que o nosso capítulo terminaria ali mais com a certeza de que a University of South Carolina atingiu um novo patamar.

Eu e minha parceira, Mia Horvit após a semi-final do NCAA. Terminamos com o posto de número 1 do país.                                         
Estudante-Atleta do Ano

 

Jogadora do Ano Senior – ITA

 

Jogadora do Ano – Conferência SEC

O Senior Year foi um ano que percebi ainda mais que a vida é para ser vivida em “equipe” e que ajudar o próximo é uma das maiores fontes de energia. Nada seria possível sem o apoio da minha família que sempre esta apoiando do Brasil e desde o dia que eles viram que tênis era a minha vida. Das minhas companheiras de time que sempre estiveram ao meu lado. Dos meus técnicos que abriram as portas para mim e me ensinaram não só dentro das quadras mas fora delas também. E de todas as pessoas envolvidas no campus da University of South Carolina, que me acolheram desde o primeiro dia e me guiaram para que eu pudesse viver os melhores momentos da minha vida.

Minha base.
Algumas das pessoas que trabalham na cafeteria dos atletas. Traziam alegria todos os dias e faziam a gente se sentir em casa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

E claro, todas as pessoas que me acompanham e me trazem motivação de escrever aqui para continuar ajudando a vida de outros(as) futuros(as) sonhadores(as). Minha carreira no College terminou porém um novo ciclo se começa. Circuito profissional, esta logo ali. Novidades e novas aventuras estão por vir 😉

Aprendendo com o mestre, Gringo.

 

 

“Titles. That’s doesn’t drive me. What drives me is continuing to learn.” -Kobe Bryant

 

 

2 Replies to “7. Sonhe Grande”

  1. É isso aí Ingrid! Vencendo cada etapa e com sonhos e trabalhos duro! Te admiro
    Muito! Arrasa! Sucesso!

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