Em dezembro, após o término das aulas, temos a opção de voltar para casa para passar o Natal e Ano Novo com a família. No período entre o Fall e o Spring, o tempo de “férias” é mais curto, em janeiro já temos que estar de volta e preparadas para o Spring porque a temporada começa à todo vapor.
Com o meu primeiro Fall concluído, é hora de partir para o Spring, a temporada de tênis nas universidades americanas, ou seja, onde jogamos o semestre inteiro no formato de equipe implementado pela associação de tênis universitária e aonde jogamos o torneio da conferência (Southeastern Conference-SEC) e o famoso NCCA (National Collegiate Athletic Association). O formato de jogos na divisão I é o seguinte: são 6 simples e 3 duplas. Os confrontos sempre começam com as duplas e vence a equipe que conseguir ganhar duas duplas primeiro, não importa o placar. Após o término das duplas, temos 5 minutos para nos preparar para a simples onde 6 meninas do time jogam ao mesmo tempo contra suas respectivas adversárias para conquistar 1 ponto para a equipe. O time que chegar à 4 pontos primeiro vence o confronto.
O tênis é um esporte individual e desde que vim para os EUA, não tive muitas experiências coletivas com o tênis. Porém, as poucas que tive, foram inesquecíveis. Acho que todo mundo que tem a oportunidade de jogar sul-americano, mundial por equipes, Fed Cup ou Copa Davis não se arrepende de ter jogado, pelo contrário, jogaria todas às vezes se pudesse. Vivenciar esse espírito de equipe e poder compartilhar a alegria da vitória foi a parte que me deixou mais animada ao saber que faria parte do time de tênis em uma universidade americana.
Partimos para o primeiro torneio da temporada. Foi na Wake Forest University na Carolina do Norte. Não fazia parte dos jogos da conferência ainda, mas para nós todos os jogos eram importantes, não éramos bem ranqueadas porém estávamos pensando alto. Nossa equipe sempre foi conhecida por ter um time unido. Não éramos jogadoras de ponta no juvenil porém tínhamos um grupo de meninas que trabalhavam duro e estavam dispostas a lutar por cada ponto pela equipe.
O momento mais desejado e ao mesmo tempo o mais temido é quando todos os outros jogos já acabaram e você continua jogando, ou seja, o seu jogo irá decidir se o seu time vai ganhar ou perder. Se você nunca esteve lá antes, é uma sensação diferente quando você percebe que irá decidir o destino da sua equipe. Estava jogando e de repente começo a escutar uma gritaria maior. Estava no terceiro set, no último jogo em quadra. Da mesma forma que bateu aquele nervosismo na primeira vez que percebi, a energia subiu e fiquei animada pela oportunidade de poder dar a vitória para a equipe. No final, acabou indo para o meu lado. Ganhamos o confronto e comemoramos à vitória com toda a equipe. Depois desse dia, queria ter muitos mais dias como esse e sentir toda a vibração e espírito de equipe.
Video by Hannah Templeton
No Spring, foi quando vi o que era jogar por uma equipe. Passávamos muito tempo juntas, desde treinos e jogos até aulas de teatro. Conhecer as meninas é muito importante porque cada uma tem uma característica e temos que saber lidar com elas. Ás vezes é uma tarefa difícil, principalmente quando você não está acostumada. Uma das coisas que pode fazer a diferença no decorrer dos anos é a proximidade que você tem com a sua equipe. Vale a pena investir tempo para conhecer o time. Pelo contrário, seria como se você trabalhasse num escritório onde você não conhecesse ninguém. A vontade de ir trabalhar não é a mesma quando você conhece as pessoas ao seu redor. A idéia que você teve sobre um projeto pode não ser inovadora se não tiver ninguém para te apoiar, por exemplo.
Um dos momentos mais marcantes no meu primeiro ano foi quando ganhei 7-5 no terceiro set depois de uma “batalha” para decidir o confronto contra Kentucky, um dos times da nossa conferência. Não só pela vitória, mais por ter jogado em casa com toda energia da torcida e do meu time do lado de fora. Eles faziam de tudo para me apoiar. Gritavam meu nome, faziam muito barulho a cada ponto ganho e não desistiam mesmo quando o jogo não estava indo para o meu lado. No final, desabei no chão de alívio e cansaço. O resto foi só felicidade, basta ver o vídeo.
Video by Hannah Templeton
A temporada é longa e jogamos muito jogos de Janeiro à Maio, porém a cada dia aprendemos uma coisa nova. Tivemos vitórias marcantes e muito duras fazendo valer a pena todo o trabalho feito desde o primeiro semestre. Alcançamos o melhor ranking na história da universidade e eu fui nomeada a prêmios da conferência que acontecem semanais e no final de cada temporada. Sem a ajuda do time e entrega de todas as pessoas envolvidas nesse processo nada disso teria sido possível.
Olhando para trás, lembro de muitos momentos que vão ficar para sempre na memória. É claro que no primeiro ano nada é perfeito e quando você termina, fica aquele gostinho de quero mais. Universidade é isso. Momentos de luta e alegria que nos ensina lições para o resto de nossas vidas.
“Com talento ganhamos partidas; com trabalho em equipe e inteligência ganhamos campeonatos.” Michael Jordan